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2 de dezembro de 2011

A actualidade de Gil Vicente

Ninguém: Qual o seu nome, cavalheiro?
Todo-Mundo: Eu me chamo Todo-Mundo e todo meu tempo busco dinheiro, e sempre nisso me fundo.
Ninguém: Eu me chamo Ninguém e busco a Consciência.
Belzebu: Eis uma boa experiência: Dinato, escreve isto bem.
Dinato: Que escreverei, Companheiro?
Belzebu: Que Ninguém busca consciência e Todo-mundo dinheiro.
Ninguém: E agora que buscas lá?
Todo-Mundo: Busco honra muito grande
Ninguém: Eu, virtude, que Deus ordene que a encontre já.
Belzebu: Outra adição: escreve logo aí, que honra Todo-Mundo busca e Ninguém busca virtude.
Ninguém: Buscas outro bem maior que esse?
Todo-Mundo: Busco mais quem me louvasse tudo quanto fizesse
Ninguém: E eu quem me repreendesse em cada coisa que errasse.
Belzebu: Escreve mais
Dinato: Que tens sabido?
Belzebu: Que Todo-Mundo quer em extremo grau ser louvado, e ninguém ser repreendido.
Ninguém: Buscas mais, amigo meu?
Todo-Mundo: Busco a vida e quem ma dê.
Ninguém: A vida nem sei que é, e a morte conheço eu.
Belzebu: Escreve lá outra sorte
Dinato: Que sorte?
Belzebu: Todo-Mundo busca a vida e Ninguém conhece a morte.
Todo-Mundo: E mais queria o Paraíso sem a ninguém estorvar.
Ninguém: E eu por ter a pagar quanto devo para isso.
Belzebu: Escreva com muito aviso
Dinato: Que escreverei?
Belzebu: Escreve que Todo-Mundo quer Paraíso e Ninguém paga o que deve.
Todo-Mundo: Folgo muito em enganar e mentir nasceu comigo.
Ninguém: Eu sempre verdade digo sem nunca me desviar.
Belzebu: Ora escreve lá compadre, não sejas tu preguiçoso
Dinato: Que?
Belzebu: Que Todo-Mundo é mentiroso e Ninguém diz a verdade.
Ninguém: Que mais buscais?
Todo-Mundo: Lisonjear
Ninguém: Eu sou todo desengano
Belzebu: Escreve, anda lá mano
Dinato: Que me mandas assentar?
Belzebu: Põe aí bem declarado: Todo-Mundo é lisonjeiro, e Ninguém desenganado.





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21 de novembro de 2011

A canção de José Afonso «A morte saiu à rua» é uma homenagem a José Dias Coelho!

Zeca em Mirandum

La muorte saliu a la rue nun die assi
Naquel lugar sin nome para qualquiera fin

Ua pinga rubra subre la calçada cai
I un riu de sangre dun peito abierto sal
L bento que dá nas canhas de l canheiro
I la fouce dua ceifeira de PertualI
l sonido de la çafra cumo un clarin de l cielo
Ban dezindo an to la parte l Pintor morriu

Tou sangre, Pintor, reclama outra muorte eigual
Solo uolho por uolho i diente por diente bal

A la lei assassina, a la muorte que te matou
Tou cuorpo pertence a a tierra que t'abraçou
Eiqui t'afirmamos diente por diente assi
Qu'un die rirá melhor quien rirá por fin
Na rebuolta de la strada hà fóias feitas ne l suolo
I an todas floriron rosas dua nacion